Chuva Online informará condições meteorológicas

No dia 16 de dezembro, a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP recebeu a cerimônia de lançamento do Chuva Online, um projeto de monitoramento meteorológico da Região Metropolitana de São Paulo que pode, entre outros benefícios, ajudar autoridades e a comunidade a se preparar contra desastres naturais.

São dois mini radares, um instalado na Escola, na zona leste, e um no prédio do Instituto de Física (IF) da USP, na Cidade Universitária. Os estudos estão sendo coordenados pelo professor Carlos Morales, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP. Os dados obtidos são disponibilizados em tempo real e online pelo portal do projeto.

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O principal mantenedor do Chuva Online é o laboratório do professor Morales, o Storm T. Contudo, seu desenvolvimento envolve diversos parceiros, entre eles a Prefeitura do Campus USP da Capital (PUSP-C), o IF, a EACH e o Climatempo, empresa privada que concede gratuitamente ao grupo todos os dados necessários para as pesquisas.

O projeto conta com várias componentes, e sua ideia foi concebida a partir de um acordo de cooperação entre a USP e a Defesa Civil. Dentro desse compromisso, a Universidade pesquisa e desenvolve diversas tecnologias de monitoramento meteorológico e a Defesa as coloca em prática. Sistemas dessa ordem são muito importantes para tomar precauções contra desastres naturais, como deslizamento de terras, enchentes e alagamentos.

Atualmente, já existem no mercado equipamentos que realizam esse tipo de monitoramento, porém eles conseguem atuar melhor em cidades de grande porte, como São Paulo, uma vez que podem trabalhar com sua capacidade máxima. Para cidades de tamanho pequeno e médio eles tornam-se muito caros, além de não operarem com toda a sua capacidade. O professor ilustra a situação usando como exemplo as cidades litorâneas: os radares convencionais têm um alcance de até 200 Km; dessa maneira, colocá-los em direção a uma montanha, o que acabaria por acontecer já que eles precisam ficar em lugares altos, limitaria de seu desempenho, e eles enxergariam apenas os 10 Km iniciais que correspondem à encosta. Dentro dessa situação os mini radares seriam muito mais adequados, pois alcançariam toda a área de interesse e ainda teriam um menor custo.

Por essa razão, a tecnologia está sendo testada na USP, que apresenta todas as qualidades de uma cidade de pequeno porte, podendo agregar diferentes informações à pesquisa.

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Paralelamente a estes estudos, o professor Sidnei Martini, da Escola Politécnica (Poli) da USP, está desenvolvendo um sistema chamado “Smart City” que se trata, como o nome diz, de uma cidade inteligente, na qual uma série de metodologias são aplicadas para interligar problemas de natureza semelhante e resolvê-los. Ambos os projetos pretendem usar seus elementos para melhorar o gerenciamento das cidades. Martini é coordenador do Sistema Integrado de Gestão da Infraestrutura Urbana (SIGINURB), projeto da PUSP-C. Tanto o Chuva Online como o SIGINURB interagem com ações do Centro de Estudos e Pesquisas em Desastres (Ceped) da USP.

Vantagens

Entre as vantagens do uso dos mini radares está o seu custo-benefício: um radar convencional custa cerca de 600 mil euros, enquanto que os mini radares custam 100 mil euros. Associado a esse valor, deve-se levar em consideração a manutenção do equipamento, que é primordial para que ele opere com capacidade máxima. Anualmente, o custo com manutenções equivale a 30% do valor total da máquina, o que significa 180 mil euros para os radares tradicionais e 9 mil euros para os que estão sendo testados pelo grupo do IAG. Outro fator importante é a portabilidade do aparelho. Devido às suas pequenas proporções, ele pode ser transferido de um lugar a outro sem grandes inconvenientes, e não necessita de um lugar específico para ser instalado, já que qualquer gerador atende às suas necessidades.

O fato de estar em uma Universidade, segundo o professor Morales, permite testar todos esses novos conceitos ao mesmo tempo em que se desenvolve novas tecnologias que podem ser incorporadas por empresas privadas. Isso ocorre porque, em muitos casos, as empresas não possuem recursos para dispor de radares tradicionais, então com uma tecnologia mais simples elas poderiam absorver esse conhecimento. Entre os setores que seriam beneficiados por essas informações estão a agropecuária, empresas de geração de energia e o ramo de telecomunicações.

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Vale ressaltar que, embora o projeto seja novo no Brasil, ele já foi testado em outros países, caso da Itália, país que criou a tecnologia. Lá, os mini radares são usados, principalmente, para monitorar as chuvas e como apoio para acompanhar os recursos hídricos e o trânsito, a exemplo da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) em São Paulo.

Por fim, o professor faz questão de frisar o tripé no qual o projeto está apoiado: ensino, pesquisa e extensão. A parte de ensino diz respeito aos treinamentos, a pesquisa insere o desenvolvimento de novos conceitos e tecnologias e a extensão faz a disponibilização desses dados para à comunidade em tempo real.

Mais informações: site http://www.chuvaonline.iag.usp.br/
Fotos: Divulgação.
Informações: Portal da USP

Publicado em 18/12/2014